sábado, 28 de setembro de 2013

Eu, tu, eles

Tantos rostos, tantos rastros. Corpos apressados que se esbarram, se encontram e se vão. Sinto olhares que se perdem, aqueles que se eternizam por um milésimo de segundo e não estão mais lá numa segunda tentativa. Sinto-me como em um cardume, faço parte do todo, mas quem é o todo? Não existe um todo, só um conjunto de (dis)juntos. Passo procurando por algo. O que? Nunca sei, só sei que procuro, sempre procurei. O livro ali, os olhos percorrendo as linhas de letras sóbrias que nem suas são. Mas o canto de olho é sempre atento, é sempre esperto, está ali de fagulha, arisco, olhando. Olhando pra quem? A mulher que passa? Àquele que fica? Nunca sei se observo a mim ou ao outro, se o que procuro está em mim ou nunca esteve.
“Desespera dessa espera por alguém pra lhe ouvir.”
Pode ser a música nos fones, o querer em sí, ou qualquer outra coisa idiota... Mas o querer ainda está lá. É errado não ser pleno? Procurar a plenitude mesmo sem querer acha-la? Mas também, foda-se, o que é errado? Errado é não procurar, não sentir, não usar... Ao menos o desespero bate junto a mim, no mesmo descompasso que bate aqui e acolá.
Nem sei se o que escrevo é prosa.
Poesia.
Epopeia.
Carta de adeus.
Minto, não sei de muitas coisas, mas sei que essa última não tem lá chance alguma de o ser.
E adivinha?
Eu ainda procuro, nunca descansarei. Já quis ser outrx, pelo simples fato de saber como é uma vida sem esse procurar, mas se fosse outro, não seria eu. Quero ser eu e ainda assim não procurar, será isso possível nessa vida? Nesse mundo? Nesse instante? Duvido... Pra ser sincera, só tenho dúvidas. Dúvidas e algumas certezas compradas no bar ou tragadas num cigarro qualquer.
Procurar.
Curar.
O ar.
A porra da poética atrapalha minha prosa, raios! Mas entendo-a, ambas coabitam num ambiente instável e sem rumo, que como diz, só procura, engraçado não? Pobre delas, que graças a mim, também nunca vão se achar.

domingo, 5 de maio de 2013

Passa


Saudades de sentir demais.
Saudades de sentir de menos.

Esse meio termo,
essa mediocridade,
esse fim de tarde ermo
que não acaba nunca mais.

A precisão do precisar
O esmaecer da raça
O ar
A praça

Nada muda, tudo estático
Tudo prático
Nada sádico

Suspira que passa,

Ou só acenda um cigarro

Pra queimar por você
tudo aquilo que é sem graça.
Quem fala demais de si mesmo, nunca tem nada a me dizer.

sábado, 4 de maio de 2013

Ode à Rameira

O Sorriso doce
O sofrer frívolo

Do tal

Sem ódio
Só risos
Sem roupas

Vem meu amor,
Sem mentir, só você
Que esse leito te esquenta
Nem que seja de dor

Às quatro te chamo,
às duas tu vens
Suprimir os meus ódios
Completar meu vazio
Só de risos tão sóbrios

Se te julgam, esqueças
Tua bondade te enlaça
Enquanto a luxúria me vem
Teus olhares sem graça
Já não olham a quem

Foda-se o resto, a pirraça
Dessa tralha que come
Dos encantos nenhum
Só dos cantos, da fome

Julguem também o marido
o playboy da "madá"
Só não se esqueça meu bem
Que já deu meia hora
Quem sabe um cigarro
Pra falar da mulher,
da filha rebelde
ou da revolução.

Até mais, solidão senhor
Que vagueia na areia
Que se deita ao seu por

"Tó a grana, mulata!"
Diz a indiferença
Dá de ombros pra ele
e diz:
"Vem tocar uma gaita pra mim."

quinta-feira, 18 de abril de 2013

À meia luz

Por que tanto me sufocas?
Por que o alarde interior não se exterioriza em sorriso?

A angústia sobe a boca
Roça o lábio
E quase se torna livre
porém,
se reprime, consome, aos poucos se diluí
em frio
em calor
no sentir insensível da vida.

À meia luz me torno eu, me sinto todos
quero o nada e o tudo
você
o outro
no final... Eu mesma.

Sinto toques, cheiro odores
o estranho me parece habitual
hábito já silencia o fugaz do inesperado

Quero sempre
Sinto pouco
Vejo estrelas

As do céu, as do mar e as que iluminam
por ti
por mim
por todo o povo que grita
que ama
que trai
mas ainda assim
o povo.

Quereres do meu, de gente, do corpo, da mente.
Sejam!
Façam!
Criem!
Chorem!
...Ontem
Hoje...
E PRA SEMPRE.